segunda-feira, 12 de outubro de 2020

EDUCADOR : O QUE EU GOSTO NA PEDAGOGIA WALDORF


Durante este texto uso a palavra CRECHE, mas entenda-se qualquer entidade de ensino infantil.

Que fique claro também que não estou me referindo a nenhuma entidade ou pessoa em específico.

Quero apenas deixar minha opinião sobre um tema que está relacionado com educação infantil.

Quando refiro-me à palavra AGENTE EDUCADOR ou PROFISSIONAL DE CRECHE entenda qualquer profissional que atue em educação infantil: professor efetivo, agente educador, estagiário, professor contratado, etc.

No mês passado escrevi sobre o que havia compreendido sobre o método SEGNI MOSSI e os possíveis benefícios de sua aplicação na educação infantil (veja o artigo O PROJETO SEGNI MOSSI).

Hoje falarei sobre os possíveis benefícios que entendo existir ao se usar a pedagogia Waldorf na educação infantil.

Tudo começou com a introdução do conceito de ANTROPOSOFIA, que significa "conhecimento do ser humano", pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner no início do século XX.

Para que eu pudesse entender melhor todo este contexto, busquei informações e referências bibliográficas no site da Sociedade Antroposófica no Brasil (http://www.sab.org.br).

Embora tenha me agradado bastante, a Antroposofia é algo muito profundo, é não é o tema de hoje.

O que nos interessa é que a pedagogia Waldorf, introduzida também por Rudolf Steiner, não por mera coincidência, baseia-se nos princípios da Antroposofia.

Buscando falar de algo mais prático, entendi que a pedagogia Waldorf "enxerga" a criança como um ser humano de forma integral, em todos os seus aspectos de vida: físico, intelectual, artístico e espiritual.

Leva em conta o fato inquestionável de que cada ser humano é diferente, tendo interesses diferentes, com graus de desenvolvimento diferentes.

Ao me lembrar do que aprendi quando estudei o conceito e os princípios de inteligências múltiplas, um tema completamente diferente, vejo uma enorme similaridade de conceitos, e principalmente resultados obtidos, com a pedagogia Waldorf.

Lendo o capítulo de apresentação das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica no Brasil, temos que "A educação deve proporcionar o desenvolvimento humano na sua plenitude, em condições de liberdade e dignidade, respeitando e valorizando as diferenças".

Vamos pensar juntos... Se somarmos todos estes conceitos, alguns redundantes, mas necessários, temos em nossas mãos tudo o que precisamos para uma sociedade formada por indivíduos com competências de todos os tipos e real poder de transformação.

Assisti a vários vídeos de escolas que usam pedagogia Waldorf no Brasil e no exterior, e ao ver a liberdade de escolha das crianças, o contato com a natureza e principalmente elementos "não estruturados" para que a mesma pudesse desenvolver o aprendizado de sua preferência, mesmo não estando participando daquele momento, senti-me feliz, e imaginei-me no lugar daquelas crianças.

Não sei como, nem o por quê, mas lembrei-me da época em que estava no ensino infantil, em Taubaté (SP). Minha primeira escola chamava-se Coelhinho Branco e a outra Colégio São Luís. Lembro-me que era uma chatice, e que eu odiava tudo aquilo cheio de regras, que aquilo de certa forma impedia-me de ser quem eu queria ser - NADA A VER com pedagogia Waldorf. Graças a Deus eu ficava só meio período na escola.

Mas o que veio ainda mais forte em minha lembrança, foram os momentos em que eu passava o outro "meio período" na casa de minha avó. Para que o leitor entenda melhor, preciso explicar que por ser hiperativo, quando eu era criança ninguém me aguentava dentro de casa, e se não estivesse chovendo ou muito frio, ficava no quintal o tempo inteiro, até a hora de meus pais chegarem do trabalho para me levarem para casa. Para você entender o contexto, há poucos anos, fui à Taubaté e passei em frente à casa que foi da minha avó, e para minha surpresa, havia uma escola infantil instalada lá. Há mais de 50 anos eu explorava todo este espaço sozinho, realizava meus aprendizados, ganhava muitas de minhas competências que viria a usar no futuro, exercitava meu pensamento não linear e minha criatividade.

Minha experiência com objetos não estruturados foi extremamente rica. Qualquer pedaço de pau transformava-se em um animal, um trem, um carro, uma arma. Entre os galhos das árvores existentes no enorme quintal, existiam animais e seres imaginários com os quais tinha longos e verdadeiros debates mentais. Inventava músicas para o odiado gato de minha tia, o Bolinha, com o parco repertório de palavrões que sabia na época. Desenvolvia estratégias, lógicas, ideias únicas - TUDO A VER com a pedagogia Waldorf.

Coisas de criança, mas que a neurociência explica serem fundamentais para que quando adulto, esta pessoa esteja mais capacitada, mais apta do que aqueles que passaram o tempo todo na frente da televisão, e mais atualmente, em frente a celulares, "tablets" e computadores. E como mencionei neurociência, aprendi há pouco tempo que até a idade de 5 anos, toda criança tem pelo menos 80% de suas conexões neuronais voltadas ao aprendizado não formal, e que as conexões não utilizadas, não aproveitadas, que não retiveram conhecimentos, serão definitivamente descartadas a partir dos 6 anos de idade.

Por qual motivo citei o projeto Segni Mossi ao falar da pedagogia Waldorf? Porque entendo que existe uma íntima ligação entre o primeiro e o aspecto do desenvolvimento integral do ser humano.

Quero deixar claro que este texto é uma "visão" de uma pessoa que NÃO É FORMADA em Pedagogia, mas sim em Processamento de Dados, e que nem por isso, deixa de ser alguém pensante, capaz de estudar por conta própria, aprender e desenvolver novos conceitos e ideias.

Desde criança aprendi que ouvir a opinião de alguém que está "de fora", pode trazer uma nova percepção sobre um assunto que pode estar "engessado" demais por pessoas com ideias pré-concebidas ou contaminadas.

Como agente educador, faço alguns questionamentos, agora que tenho este conhecimento: Como posso usar estes conceitos a favor das crianças com as quais trabalho? Quais exemplos práticos posso aplicar durante meu dia de trabalho com as crianças?

E você, leitor que trabalha na área da Educação, o que responderia a estas duas perguntas?

Desejo um bom trabalho a todos, e vamos oferecer o melhor para as nossas crianças!

Para você que trabalha em creches, deixo a dica de um livro interessante:


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