quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

EDUCADOR : FAZENDO A "ESCUTA" DAS CRIANÇAS


Durante este texto uso a palavra CRECHE, mas entenda-se qualquer entidade de ensino infantil.

Que fique claro também que não estou me referindo a nenhuma entidade ou pessoa em específico.

Quero apenas deixar minha opinião sobre um tema que está relacionado com educação infantil.

Quando refiro-me à palavra AGENTE EDUCADOR ou PROFISSIONAL DE CRECHE entenda qualquer profissional que atue em educação infantil: professor efetivo, agente educador, estagiário, professor contratado, etc.

Em meu ambiente de trabalho, tem havido muita discussão sobre como acolher as crianças quando as aulas retornarem, como observar e "escutar" o que elas estão sentindo e sentiram durante a pandemia de COVID-19. Imagine a infinidade de situações, boas e ruins, pelas quais esta criança passou, ficando em casa o tempo inteiro.

Não há dúvida de que ouvir o que cada uma das crianças tem a contar é a melhor forma de se fazer esta "escuta", que funciona até mesmo como uma forma de terapia.

Como não sabemos se haverá ou não o retorno às aulas, nem quando isso ocorrerá, entendo que podemos ir fazendo esta "escuta" de outras formas.

Antes de mais nada, deixe-me esclarecer um ponto. Meu entendimento sobre "escuta", depois de ter participado de vários formações de Agente Educador, é a de que qualquer forma de atenção, toque, ou olhar feito para a criança, é uma maneira de "escutar".

Por outro lado, não posso deixar de comentar sobre um aprendizado que tive durante a realização de um treinamento em "Coaching", onde aprendi sobre a ESCUTA ATIVA e a ESCUTA ORDENADA.

A ESCUTA ATIVA envolve ouvir o outro com atenção e respeito, olhando sempre nos olhos, prestando atenção, sem interromper o seu interlocutor, concentrando-se plenamente naquilo que está sendo manifestado pelo seu interlocutor, compreendendo seu ponto de vista, sem fazer pré-julgamentos, percebendo os sentimentos envolvidos e principalmente qual a necessidade que a criança tem por trás de tudo o que ela conta. Você pode confirmar positivamente com a cabeça que está entendendo o que ela diz, balbuciando um "um-hum" de vez em quando, sem interrompê-la. Isto aumenta a situação de "rapport" entre você e a criança. Aproveite eventuais pausas que a criança fizer para fazer perguntas que clarifiquem algo que esteja confuso para você, educador.

A ESCUTA ORDENADA envolve de certa forma estimular na criança o desejo dela se expressar. O exemplo que dei acima, sobre confirmar positivamente com a cabeça que está entendendo o que a criança está falando, é uma forma de fazer isto. Se a criança parar de falar, você pode usar pequenas frases para estimulá-la, como por exemplo: "e daí?", "conte mais", "que legal, e depois?", etc. Uma vez que a criança tenha terminado de falar, tire as dúvidas de seu entendimento com ela, evitando interpretar as coisas baseando-se em sua percepção, e repita para ela o que você entendeu, para ter certeza de que sua compreensão foi a correta. É preciso entender o que a criança passou e sentiu pelos "olhos" (mapa mental) da criança e não pelo do educador. Aproveite a oportunidade para tentar fazer algum tipo de elogio à criança, em função do que ela passou, caso isto seja possível.

Uma das formas de escuta que me veio à mente e que está sendo usada por muitas escolas é a realização de vídeos, que permitam a interação da criança de alguma forma.

Um tipo de vídeo poderia mostrar alguma brincadeira que a criança pudesse repeti-la em casa, sozinha ou com a família. Outro tipo envolveria mostrar lugares interessante e perguntar à criança o que elas acharam daquele lugar, que tipo de coisas ela faria por lá. Um terceiro tipo de vídeo poderia mostrar algo que o educador tenha ou que goste de fazer, perguntado às crianças se elas têm algo parecido ou sabem fazer algo, quer seja parecido ou até mesmo diferente.

Como educador, você já sabe como fazer a "escuta" das crianças? E qual ação pretende tomar?

E enquanto a pandemia não termina, como pretende fazer esta "escuta"?

Quanto aos pais que estão em casa, já pararam para perguntar aos seus filhos o que eles estão achando? Como estão se sentindo? Como agem para minimizar o impacto do isolamento da pandemia? Estão aproveitando o tempo para melhorar a interação com os filhos, ou estão deixando-os ficar mais tempo com celulares e "tablets" apenas para que eles não incomodem? Estão fazendo alguma atividade JUNTOS, como ginástica, jogar jogos de cartas ou tabuleiro, cozinhando uma receita, lendo livros e revistas, assistindo a desenhos, filmes e documentários educativos ou até fazendo a limpeza da casa? Opções não faltam, e tempo também não.

Desejo um bom trabalho a todos, e vamos oferecer o melhor para as nossas crianças!

Para você que trabalha em creches, deixo a dica de um livro interessante:

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