Outro dia eu estava assistindo a um vídeo do Youtube, quando, para variar, ele foi interrompido para apresentação de um daqueles anúncios inconvenientes que servem apenas para irritar quem está assistindo ao vídeo e gerar uma antipatia gratuita contra o produto ou serviço do anunciante.
No anúncio aparecia uma mulher falando um monte de baboseiras e mencionando um tal "caderno de gratidão". Não dei atenção, tampouco crédito para o anúncio, pulando-o assim que pude, assim como faço para a esmagadora maioria dos anúncios do Youtube feitos por brasileiros.
Contudo, a palavra "gratidão" me chamou a atenção, ficando na minha cabeça, pois o ato de ser grato por algo é frequentemente mencionado por neurocientistas estrangeiros de renome, com formação universitária apropriada para discorrer com competência sobre o tema. Estes especialistas da ciência falam sobre a importância da gratidão sincera.
Lembrei-me também do quanto minha mãe, que já é falecida, falava para eu agradecer pelas coisas que eu tinha em minha vida.
Um destes neurocientistas, cujas palestras, entrevistas e vídeos sigo amiúde, sugere que diariamente, no início ou no final do dia, façamos uma lista de três a cinco coisas pelas quais somos sinceramente gratos. Podem ser coisas grandes e importantes ou pequenas e simples, mas a gratidão precisa ser sincera.
Desde 2008 venho estudando sobre neurociência, e como eterno aprendiz, resolvi no ano de 2024 realizar uma experiência com esta sugestão, com a única diferença de não me ater somente a três a cinco coisas, mas sim tudo que eu puder me lembrar, tudo pelo qual sou grato.
Inicialmente foi um pouco difícil para mim. Conseguir elencar coisas pelas quais eu era grato demorou um pouco.
A cada dia, à medida em que eu ia registrando uma coisa pela qual eu era e sou grato, comecei a me dar conta de quão significativas estas coisas eram em minha vida e identifiquei várias outras pelas quais eu deveria ser grato e não notava. E a lista está aumentando cada vez mais.
Comecei a me questionar, imaginando como seria minha vida se eu nunca mais tivesse a oportunidade de ter ou fazer aquilo. Percebi que até coisas muito simples também tinham grande importância na minha vida.
Ser grato aumentou o saldo de minha conta bancária? Curou-me de alguma doença? Trouxe algo materialmente melhor para mim?
Não, mas melhorou meu estado de humor, diminuiu minha ansiedade, diminuiu as reclamações que faço, aumentou um pouco o meu sentimento de felicidade, e trouxe outras sensações que me dão mais paz.
Notei que na correria da vida as pessoas não conseguem parar um segundo sequer para serem sinceramente gratas por alguma coisa. Talvez a gratidão não seja prioritário neste momento da vida delas, como não era para mim no passado, e reconheço que se eu tivesse usado este método de gratidão há mais tempo, minha vida estaria bem melhor hoje.
Nunca é tarde para começar. Você é grato por alguma coisa?
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