sábado, 17 de outubro de 2020

A HISTÓRIA DE UM PEQUENO JARDIM


Hoje vou compartilhar uma experiência que estou tendo neste momento em minha vida, muito simples, mas que estou gostando muito.

Há pouco mais de um mês, a diretora e a orientadora pedagógica da creche onde trabalho comentaram que gostariam de ter um pouco de "verde" no local, já todo o terreno é pavimentado.

Na década de 80 e 90, quando eu tinha uma chácara, eu estava acostumado a plantar laranja, milho, feijão, beterraba e rabanete, mas isso jamais me qualificaria para realizar um projeto paisagístico em uma escola infantil.

Mesmo assim, propus-me a ajudar no processo de instalação de uma pequena área verde.

O escopo do projeto em si tinha algumas "constraints" e demandas:

1-) Não havia um único espaço de terra disponível para plantar qualquer coisa que fosse. Temos 5 vasos de cimento no chão da rampa de acesso da creche.

2-) Obviamente não havia recursos financeiros disponíveis para a implementação de jardim.

3-) As gestoras queriam plantas de portes, formas, cores, texturas e odores diferentes, e ainda uma pequena horta.

4-) Na eventualidade de se fixar vasos na parte externa das janelas das salas de aula, os mesmos deveriam permitir sua remoção de forma simples para a lavagem das mesmas.

Além de poder fazer algo diferente para as crianças, algo que gerasse algum tipo de conhecimento e vivência, acho que o desafio da ausência quase total de recursos financeiros também me atraiu bastante para envolver-me no projeto. Adicionalmente, estaria envolvido em outro tema que me interessa muito que é reciclagem. E assim comecei...

O que eu usaria como vaso?

Embora neste momento de pandemia não tenhamos crianças na escola, a limpeza de todo o ambiente é feita diariamente.

Pedi para que o pessoal da limpeza entregasse para mim os galões de produtos de limpeza quando ficassem vazios, e a equipe gestora pediu ao encarregado da empresa de limpeza para ele conseguir mais galões vazios para a gente. Também recolhi garrafas "pet" variadas do lixo reciclável de meu condomínio, recebendo ainda a ajuda das faxineiras que lá trabalham, guardando galões vazios de produtos de limpeza para mim.

Como não tinha nenhuma experiência no assunto, comecei a estudar o tema, assistindo a muitos vídeos na Internet, aprendendo sobre plantas de sol pleno, meia sombra e de sombra, mistura de solo adequado a cada tipo de planta, como gerar uma muda e outros tipos de cuidados. 

Estudei também sobre eventuais contaminações de solo que podem ocorrer ao se usar vasilhames plásticos que contiveram produtos químicos.

Nossa coordenadora pedagógica providenciou um grande saco de terra vegetal vindo direto de sua chácara.

De minha parte, consegui fazer algumas mudas de plantas que existem no condomínio onde moro, de lugares por onde passo a pé na rua, e também do estacionamento do Paço Municipal. As gestoras trouxeram algumas mudas de plantas de casa.

Como fruto deste aprendizado e baseado nas limitações e requisitos do projeto, optei pelo conceito de " Garden Containment", que é o uso de recipientes diversos para "conter" o jardim e a horta.

Cerca de 15 dias depois já havia mais de 10 vasos, com mudas de plantas variadas em nosso "berçário" de mudas, localizado no tanque de areia que as crianças costumam brincar.


Diariamente eu assistia a novos vídeos, aprendia cada vez mais e trabalhava continuamente no jardim/horta.

Hoje, quando escrevo este texto, já estamos com vários vasos, mais de 14 tipos de plantas ornamentais, algumas já florescendo, e até uma planta aérea já foi "instalada" no tronco de uma árvore.

Na nossa hortinha temos bálsamo, salsinha, cebolinha comum, cebolinha francesa (ciboulette), manjerona, orégano, coentro, alecrim, tomilho-limão, manjericão e hortelã.

Temos ainda dois pés de maracujá que foram plantados por alguém pouco tempo antes, e estou na expectativa de umas sementes de morango germinarem nos próximos dias.

Antes que o mês termine, mais mudas, de plantas diferentes, chegarão.

A título de experimento, preparei alguns vasos diferentes, que chamam a atenção das crianças, mantendo a filosofia da reciclagem. Pedi para outras duas colegas me ajudarem na confecção de novas unidades.



No que depende de mim, ainda teremos pequenas casas para passarinhos (a madeira para construí-las já levei para a creche), comedouros para passarinhos, mensageiros dos ventos, hotel para insetos, uma pequena coleção de suculentas, "kokedamas", vasos sustentados por suportes feitos em macramê e mais plantas aéreas.

Para os 45 dias de existência do projeto, estou razoavelmente satisfeito com o resultado obtido até o momento. Boa vontade e aquilo que John Assaraf, em seus vídeos sobre neurociência, chama de "comprometimento", resolvem problemas, trazem benefícios e bastam para implementar um projeto deste tipo.

Quero fazer mais, com uma conotação um pouco diferente.

Tenho a intenção de fazer vídeos bem curtos, direcionados a outros colegas que são agentes educadores e que quiserem implementar em suas creches ou escolas um projeto parecido, ensinado, a um custo de implementação praticamente "zero", todas as dicas, passo-a-passo, desde o princípio.

O ambiente da escola, com certeza, fica outro.

Deixo a dica de um livro interessante sobre o assunto:

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