quinta-feira, 19 de março de 2009

UBATUBA / SP (Mar/2009)






Retornei mais cedo das minhas férias em Santa Cruz do Sul/RS pois tinha que elaborar um documento profissional que deveria entregar impreterivelmente no mesmo dia. Assim que cheguei do aeroporto iniciei a elaboração, que em menos de 1 hora ficou pronto (ridículo não é?).

Mal havia chegado de viagem e já estava com saudades do Sul. Como tinha que ficar por aqui mesmo, iria aproveitar ao máximo os 4 dias restantes de minhas férias.

Juntei algumas roupas na mala e fui para Ubatuba/SP. O sol estava forte e o dia muito bonito. O calor, insuportável. Tem tudo a ver com praia não é?

Cheguei em casa e já fui andar na praia. No dia seguinte, peguei a bicicleta e fui passando pelas praias da região. Voltei para casa, fiz meu almoço e fui dormir um pouco. Ao acordar, fui para a praia novamente. No fim da tarde começou uma "chuvinha" que não iria passar mais.

Acordei no sábado de manhã com a chuva "batendo" na minha janela. Mesmo distante, escutava o barulho das ondas quebrando na praia. Pensei: hoje "o bagulho deve estar doido" (imaginando as ondas fortes no mar).

Não sei por que, mas falei para mim mesmo que hoje seria o dia de eu voltar a fazer uma das coisas que eu mais gostava de fazer... Algo que fazia eu me sentir vivo... Algo que me fazia esquecer de todo e qualquer problema da vida... Algo que me fazia realmente feliz... "Pegar onda"!

Comecei a surfar em 1988 e ia com grande freqüência para a praia com este objetivo. Pouco tempo depois me tornei adepto também do "bodyboarding". "Pegar onda" era sempre uma festa! Infelizmente, no final de 1996 e em 1997 fiz várias escolhas estúpidas em minha vida, e uma delas foi parar de "pegar onda". Durante estes 12 últimos anos minhas pranchas ficaram paradas em casa, os “leashes” apodreceram e eu fiquei afastado de algo que me fazia muito bem. (Hoje sei que o mal que nós podemos causar a nós mesmos através de pensamentos "viróticos" e crenças limitantes, mesmo sem perceber, é simplesmente enorme.)

Como isto era passado, do fundo da gaveta da cômoda retirei e vesti a velha camiseta de lycra que usava para "pegar onda" 12 anos atrás. A camiseta estava inteira, eu é que estava um pouco mais "gordinho", mas ainda assim, consegui entrar na camiseta sem muito esforço (hahahaha). Escolhi usar minha prancha de "bodyboard". Surf ficaria para outro dia.

Ao chegar na praia, tive a certeza de que meus ouvidos não se enganaram. O "bagulho estava doido" mesmo. Parece que Deus havia preparado tudo especialmente para os adeptos do "surf" e do "bodyboarding". Automaticamente, comecei a observar o mar e onde as ondas estavam quebrando para escolher o melhor ponto para entrar na água. Como nos bons tempos!

Amarrei o "leash" no braço e entrei... No caminho da "arrebentação", surfistas eram "atropelados" pela espuma das ondas que quebravam, muitas vezes sendo jogados para trás. Havia um bom período de tempo entre as seqüências de ondas (que eu já havia observado antes de entrar na água), o que me permitiu passar a "arrebentação" com certa tranqüilidade.

Passados alguns minutos, uma onda de bom tamanho começou a se formar em minha frente e como eu costumava dizer, "ela tinha o meu nome escrito nela"! Até agora não consigo expressar o que senti ao "descer" aquela onda. Além da alegria de estar fazendo novamente algo que gosto muito, tinha a impressão de estar deixando para trás, no meu rastro pela água, o restinho dos sentimentos de todas as coisas ruins que haviam acontecido em minha vida nestes últimos 12 anos.

Como antigamente, passei a manhã inteira "pegando onda". Ao sair da água, agradeci a Deus o magnífico "retorno" que ele havia me proporcionado. Eu parecia uma criança que acabara de ganhar um presente há muito desejado. Por um instante parei, virei para trás, olhei as ondas "arrebentando" e me perguntei: o que me impediu de "pegar onda" durante todo este tempo? Por que eu permiti que isto acontecesse? As respostas já não faziam a menor diferença... Virei para frente e segui meu rumo para casa.

Em casa, tomei um banho e fui fazer meu almoço. Depois do almoço, o costumeiro "cochilo". Acordei no fim da tarde. A chuva caía sem parar, e além disto, tinha que fazer uma faxina no apartamento, que há muito estava prevista. Lavei metade do apartamento e deixaria a outra metade para a próxima vez que fosse lá. Já era tarde da noite quando terminei. Fiz meu jantar, tomei outro banho e fui dormir, com uma das melhores sensações que já tive em minha vida.

Acordei cedo no domingo, tomei meu café da manhã, limpei mais algumas coisas por lá, coloquei as coisas no carro e retornei para São José dos Campos/SP.

Após o almoço, quis aproveitar as últimas horas das minhas férias até o fim. Peguei a moto e fui para São Francisco Xavier/SP andar por algumas estradas da região para conhecê-las. Já estava anoitecendo quando retornei para casa.

Ao deitar, me lembrei dos meus dias de férias e de algumas lições importantíssimas que aprendi durante este período. Minha cabeça agora teria que voltar ao meu trabalho e aos desafios que teria que vencer. E que desafios!
( Texto e fotos: Wilson Luiz Negrini de Carvalho )