quinta-feira, 10 de junho de 2021

EDUCADOR : QUE SER HUMANO VOCÊ QUER FORMAR?



Durante este texto uso a palavra CRECHE, mas entenda-se qualquer entidade de ensino infantil.

Que fique claro também que não estou me referindo a nenhuma entidade ou pessoa em específico.

Quero apenas deixar minha opinião sobre um tema que está relacionado com educação infantil.

Quando refiro-me à palavra AGENTE EDUCADOR ou PROFISSIONAL DE CRECHE entenda qualquer profissional que atue em educação infantil: professor efetivo, agente educador, estagiário, professor contratado, etc.

O tema deste texto é super interessante, pois ele trata exatamente sobre o alinhamento entre aquilo que podemos considerar como o objetivo da educação, não só a infantil, mas ela como um todo, e o comportamento diário adotado pelos profissionais da escola ou creche em todos os seus níveis, ou seja, desde a equipe gestora, até os agentes educadores ou cuidadores.

O Brasil possui diretrizes relativamente bem estabelecidas sobre como o aluno deve ser percebido pelos profissionais, dentre elas cito a DCNEI e a BNCC.

Será que a atitude dos profissionais que "educam" as crianças reflete aquilo que se espera como formação de ser humano?

Vou partir de um princípio muito importante que é o fato de que uma criança repete aquilo que ela vê, e não aquilo que você fala para ela fazer. Se você fala para a criança não mentir, mas ela vê você mentindo para outra pessoa, ela vai repetir o seu comportamento, ao invés de seguir a orientação verbal que você deu a ela. Você já se perguntou como você se comporta diante das crianças?

Um dos objetivos que se deseja buscar é a autonomia da criança, que nada mais é do que a capacidade dela conseguir realizar tarefas apropriadas à idade dela, sem a ajuda de outras pessoas, especialmente adultos.

Para ter autonomia a criança precisa conhecer o que é moral, ético, certo ou errado, mesmo nas coisas mais simples.

A construção de valores em uma criança deve ser feita com muita cautela.

Por exemplo, se você falar para uma criança que ela não pode mentir porque a mãe ou a sociedade acha isso feio, você vai estar criando um conflito de valor na cabeça dela, ao invés de ajudá-la. Se falar a verdade a criança será amada, caso contrário não - chantagem emocional. Este comportamento reiterado já é o primeiro passo para a formação de uma futura pessoa tirana e manipuladora: ou você atende aos meus caprichos ou eu não gosto mais de você. Dá abertura também para a criação de comportamentos relativos à prática da falsidade.

Ao invés de usar de chantagem emocional, que tal explicar para a criança que a mentira pode trazer prejuízos a uma pessoa? Que tal imaginar uma situação em conjunto com a criança, fazendo com que ela se coloque no lugar da outra pessoa, e questionando como ela se sentiria? Nunca pense que a criança é pequena demais para entender coisas deste tipo. Tenha  certeza, a criança irá entender o que você está querendo dizer.

Este é apenas um pequeno exemplo para demonstrar que a moralidade, condição essencial para se ter autonomia, não é gerada através de "verborragia", de falatório em cima da cabeça da criança, mas sim da convivência com pessoas éticas - é preciso ter vivência da moralidade.

Os profissionais precisam entender que é necessário existir no ambiente de convivência exatamente aquilo que se deseja transmitir às crianças, sem jamais esquecer dos limites (veja o texto A IMPORTÂNCIA DOS LIMITES).

Pessoalmente, gosto muito da pedagogia Waldorf, proposta esta que entendo tratar muito da autonomia da criança. Pelos vídeos que tenho visto sobre este tipo pedagogia, noto que as crianças, desde tenra idade, conseguem ter grande autonomia e responsabilidade. Quando atuo como agente educador, tento ao máximo aplicar os princípios da pedagogia Waldorf, sempre observando os limites de segurança, e uma das coisas que faço é convidar as crianças para me ajudarem a preparar a atividade que farei com elas. Além de ajudar a desenvolver a autonomia e a responsabilidade, esta é uma forma de permitir que a criança exerça seu protagonismo (veja o texto O PROTAGONISMO DA CRIANÇA).

Como é o ambiente de sua sala de aula? Como é a convivência entre todos, inclusive profissionais?

O que tem sido feito por você, profissional, para servir para as crianças como exemplo de criatividade, ética, responsabilidade, tolerância?

Que tipo de ação você tem tomado para evoluir tecnicamente como profissional e moralmente como ser humano?

Que tipo de ação a gestão da creche tem tomado para contratar e treinar profissionais para atuarem com as crianças?

Desejo um bom trabalho a todos, e vamos oferecer o melhor para as nossas crianças!

Para você que trabalha em creches, deixo a dica de um livro interessante:

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