Mostrando postagens com marcador professor. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador professor. Mostrar todas as postagens

sábado, 24 de julho de 2021

EDUCADOR : PARCERIA COM AS FAMÍLIAS


Durante este texto uso a palavra CRECHE, mas entenda-se qualquer entidade de ensino infantil.

Que fique claro também que não estou me referindo a nenhuma entidade ou pessoa em específico.

Quero apenas deixar minha opinião sobre um tema que está relacionado com educação infantil.

Quando refiro-me à palavra AGENTE EDUCADOR ou PROFISSIONAL DE CRECHE entenda qualquer profissional que atue em educação infantil: professor efetivo, agente educador, estagiário, professor contratado, etc.

Neste texto irei comentar sobre algo que entendo ser essencial para o bom desenvolvimento das crianças na creche ou escola.

Na Itália, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, a comunidade chamada Reggio Emilia, localizada na região da Emilia-Romagna, começou uma ação para melhorar a qualidade do ensino para as crianças daquela cidade, liderada por um pedagogo chamado Loris Malaguzzi.

Devido à pobreza gerada pela guerra, venderam coisas que foram deixadas pelos alemães em fuga, como armas, tanques de guerra e outras coisas, para angariar fundos para o início do projeto.

Quem conhece a abordagem Reggio Emilia, sabe perfeitamente que o engajamento da comunidade, principalmente dos pais das crianças, é condição "sine qua non" para o sucesso da implementação, não só desta abordagem, mas para qualquer outra metodologia de ensino que se deseje adotar. A abordagem Reggio Emilia é hoje uma das que tem maior sucesso no mundo e traz aprendizados importantíssimos para que a criança venha a tornar-se um adulto vencedor.

No artigo de hoje não tenho a intenção de falar sobre a abordagem Reggio Emilia, mas sim sobre a questão da importância do engajamento dos pais e da comunidade existente no entorno de uma creche ou escola infantil.

Historicamente, sabemos que as creches no Brasil surgiram com o intuito de abrigar crianças para que seus pais pudessem trabalhar. Antigamente, nada mais eram do que verdadeiros "depósitos de crianças", onde os pais largavam seus filhos de manhã cedo e os pegavam de volta no fim da tarde, para que pudessem trabalhar, sem que houvesse um foco maior na educação das crianças.

Atualmente, uma creche com uma estrutura que seja minimamente adequada tem condições de atuar em pé de igualdade com uma escola infantil, no que diz respeito ao aspecto do ensino. Algumas creches particulares oferecem a opção de meio período ou período integral, enquanto creches públicas normalmente trabalham em período integral.

Com tristeza, é possível notar que o conceito de "depósito de crianças" parece existir até hoje nas mentes de pais, que talvez até tenham sido atendidos nas creches de antigamente quando eram crianças.

É importante que os pais saibam como está indo a evolução do aprendizado dos seus filhos. Considero mais importante ainda que os pais procurem saber também sobre o desenvolvimento das habilidades sociais e comportamentais dos filhos. Lamentavelmente, isto nem sempre acontece.

Pior ainda é a criança trazer maus hábitos de casa, e querer perpetuá-los na escola. Neste momento, é necessário que o profissional de sala de aula, juntamente com a equipe gestora, agende uma conversa com a família para alinhar percepções, vivências e preparar um plano de ação para corrigir o problema. Só dará certo se houver um trabalho em conjunto com a família, que deverá cumprir seu papel em casa, que se somará ao trabalho que será feito na creche, pelos profissionais - uma verdadeira parceria em prol da criança. Toda criança mentalmente sadia precisa conhecer A IMPORTÂNCIA DOS LIMITES.

Pode ser que algumas famílias, devido à própria condição de arrogância ou, às vezes, de ignorância, rejeitem as ponderações feitas pela equipe educacional, e quando fazem isto, provavelmente estão colocando a criança em um caminho de variados sofrimentos no futuro. É ridícula a postura de pais que acreditam que só a escola tem a obrigação de educar socialmente os seus filhos.

Na minha percepção, famílias inteligentes e realmente interessadas em prover boas oportunidades futuras a seus filhos, escutam as ponderações feitas pela equipe educacional, debatem alternativas para a solução do problema, realizam "feed-back" periodicamente para saber se houve evolução positiva do quadro e podem até tornarem-se exemplos para outras famílias, compartilhando, durante as reuniões de pais ou em grupos de pais em redes sociais, estas oportunidades de crescimento mútuo que tiveram.

Por outro lado, o profissional de sala de aula precisa estar atento ao que acontece ao seu redor e ser realmente comprometido com o desenvolvimento da criança, assim como os gestores da unidade. O fato de estar atento, no meu entendimento, tem ligação intrínseca com o ato de FAZER A ESCUTA DA CRIANÇA.

Situações em que o profissional não relata problemas aos pais ou à gestão da unidade onde trabalha, por medo de represálias, ou por comodismo, ou por negligência, ou ainda situações onde a gestão da unidade não toma ações pelos mesmos motivos, são INACEITÁVEIS. 

Vale ressaltar que seria bem interessante se pais perguntassem habitualmente sobre o desenvolvimento dos filhos, e uma das maneiras de estar ainda mais engajado, é participando ativamente de reuniões de pais, de eventos promovidos pela creche, de atividades propostas ou debates em grupos de pais nas redes sociais.

Por fim, a comunidade no entorno da creche ou escola, poderia prestigiar os eventos públicos ou  projetos promovidos pela entidade. Existem várias formas de parceria e engajamento - basta ter boa vontade.

Você, na posição de parente, como tem se engajado na vida educacional de seu filho?

Você, profissional de creche, o que tem feito diariamente para ajudar efetivamente no desenvolvimento das crianças com as quais atua?

Desejo um bom trabalho a todos, e vamos oferecer o melhor para as nossas crianças!

quinta-feira, 10 de junho de 2021

EDUCADOR : QUE SER HUMANO VOCÊ QUER FORMAR?



Durante este texto uso a palavra CRECHE, mas entenda-se qualquer entidade de ensino infantil.

Que fique claro também que não estou me referindo a nenhuma entidade ou pessoa em específico.

Quero apenas deixar minha opinião sobre um tema que está relacionado com educação infantil.

Quando refiro-me à palavra AGENTE EDUCADOR ou PROFISSIONAL DE CRECHE entenda qualquer profissional que atue em educação infantil: professor efetivo, agente educador, estagiário, professor contratado, etc.

O tema deste texto é super interessante, pois ele trata exatamente sobre o alinhamento entre aquilo que podemos considerar como o objetivo da educação, não só a infantil, mas ela como um todo, e o comportamento diário adotado pelos profissionais da escola ou creche em todos os seus níveis, ou seja, desde a equipe gestora, até os agentes educadores ou cuidadores.

O Brasil possui diretrizes relativamente bem estabelecidas sobre como o aluno deve ser percebido pelos profissionais, dentre elas cito a DCNEI e a BNCC.

Será que a atitude dos profissionais que "educam" as crianças reflete aquilo que se espera como formação de ser humano?

Vou partir de um princípio muito importante que é o fato de que uma criança repete aquilo que ela vê, e não aquilo que você fala para ela fazer. Se você fala para a criança não mentir, mas ela vê você mentindo para outra pessoa, ela vai repetir o seu comportamento, ao invés de seguir a orientação verbal que você deu a ela. Você já se perguntou como você se comporta diante das crianças?

Um dos objetivos que se deseja buscar é a autonomia da criança, que nada mais é do que a capacidade dela conseguir realizar tarefas apropriadas à idade dela, sem a ajuda de outras pessoas, especialmente adultos.

Para ter autonomia a criança precisa conhecer o que é moral, ético, certo ou errado, mesmo nas coisas mais simples.

A construção de valores em uma criança deve ser feita com muita cautela.

Por exemplo, se você falar para uma criança que ela não pode mentir porque a mãe ou a sociedade acha isso feio, você vai estar criando um conflito de valor na cabeça dela, ao invés de ajudá-la. Se falar a verdade a criança será amada, caso contrário não - chantagem emocional. Este comportamento reiterado já é o primeiro passo para a formação de uma futura pessoa tirana e manipuladora: ou você atende aos meus caprichos ou eu não gosto mais de você. Dá abertura também para a criação de comportamentos relativos à prática da falsidade.

Ao invés de usar de chantagem emocional, que tal explicar para a criança que a mentira pode trazer prejuízos a uma pessoa? Que tal imaginar uma situação em conjunto com a criança, fazendo com que ela se coloque no lugar da outra pessoa, e questionando como ela se sentiria? Nunca pense que a criança é pequena demais para entender coisas deste tipo. Tenha  certeza, a criança irá entender o que você está querendo dizer.

Este é apenas um pequeno exemplo para demonstrar que a moralidade, condição essencial para se ter autonomia, não é gerada através de "verborragia", de falatório em cima da cabeça da criança, mas sim da convivência com pessoas éticas - é preciso ter vivência da moralidade.

Os profissionais precisam entender que é necessário existir no ambiente de convivência exatamente aquilo que se deseja transmitir às crianças, sem jamais esquecer dos limites (veja o texto A IMPORTÂNCIA DOS LIMITES).

Pessoalmente, gosto muito da pedagogia Waldorf, proposta esta que entendo tratar muito da autonomia da criança. Pelos vídeos que tenho visto sobre este tipo pedagogia, noto que as crianças, desde tenra idade, conseguem ter grande autonomia e responsabilidade. Quando atuo como agente educador, tento ao máximo aplicar os princípios da pedagogia Waldorf, sempre observando os limites de segurança, e uma das coisas que faço é convidar as crianças para me ajudarem a preparar a atividade que farei com elas. Além de ajudar a desenvolver a autonomia e a responsabilidade, esta é uma forma de permitir que a criança exerça seu protagonismo (veja o texto O PROTAGONISMO DA CRIANÇA).

Como é o ambiente de sua sala de aula? Como é a convivência entre todos, inclusive profissionais?

O que tem sido feito por você, profissional, para servir para as crianças como exemplo de criatividade, ética, responsabilidade, tolerância?

Que tipo de ação você tem tomado para evoluir tecnicamente como profissional e moralmente como ser humano?

Que tipo de ação a gestão da creche tem tomado para contratar e treinar profissionais para atuarem com as crianças?

Desejo um bom trabalho a todos, e vamos oferecer o melhor para as nossas crianças!


segunda-feira, 10 de maio de 2021

EDUCADOR : O PROTAGONISMO DA CRIANÇA


Durante este texto uso a palavra CRECHE, mas entenda-se qualquer entidade de ensino infantil.

Que fique claro também que não estou me referindo a nenhuma entidade ou pessoa em específico.

Quero apenas deixar minha opinião sobre um tema que está relacionado com educação infantil.

Quando refiro-me à palavra AGENTE EDUCADOR ou PROFISSIONAL DE CRECHE entenda qualquer profissional que atue em educação infantil: professor efetivo, agente educador, estagiário, professor contratado, etc.

O tema deste artigo é muito interessante e importante para a criança pois trata do protagonismo dela em relação à sua vida e os aprendizados que realiza.

O protagonismo e autonomia jamais devem ser confundidos com o fato da criança fazer o que bem entende, como quer ou quando quer.

Em qualquer lugar do mundo existem regras morais e sociais que precisam ser seguidas, caso contrário teríamos o caos.

A pediatra austríaca Dra Emilie Madeleine Reich, mais conhecida como Emmi Pikler, criou uma concepção sobre a Primeira Infância chamada de Abordagem Pikler, e dizia que para que as crianças se desenvolvam de maneira integral, elas precisam agir com autonomia desde o nascimento.

Apenas a título de esclarecimento, Primeira Infância considera os 5 primeiros anos de vida da criança, embora aqui no Brasil, a lei 13257 de 08/03/2016 determina que sejam considerados os 6 primeiros anos de vida.

Outra frase interessante de Emmi Pikler, que nos remete à importância de respeitar o protagonismo da criança e mais ainda, o papel do adulto na interação: "No relacionamento, o adulto faz tudo ‘com’ o bebê e não faz nada ‘para’ o bebê".

Observe que esta última frase tem mais de um entendimento possível.

Perceba como é importante o adulto saber identificar o momento certo para fazer uma intervenção, quando uma criança está vivendo um momento que é só dela.

A teoria é linda, mas como fazer para colocar isto em prática?

Vou elencar alguns exemplos que para mim indicam de maneira inequívoca o que significa o protagonismo da criança.

Na última versão do documento do Ministério da Educação chamado de Diretrizes Curriculares Nacionais Para a Educação Infantil (DCNEI), é citado, no capítulo das práticas pedagógicas da Educação Infantil, o seguinte trecho: "Garantir experiências que promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança".

Já no documento da Base Nacional Curricular Comum (BNCC), citados como Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento na Educação Infantil, destaco estes:
  • "Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais".
  • "Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando".
  • "Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia".
  • "Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens".
Respeitar o protagonismo também implica em respeitar o tempo da criança - cada criança leva um tempo para fazer suas descobertas, ou seja, a obtenção de sua experiência é atemporal. Um educador nunca pode querer que todas as crianças assimilem o mesmo conhecimento em um mesmo instante.

Além da pesquisa documental sobre o protagonismo da criança, pesquisei também em sites e vídeos de escolas na Europa e Estados Unidos, e encontrei situações em que:
  • Adultos propunham aproximadamente 3 atividades diferentes para as crianças, e elas escolhiam democraticamente qual iriam fazer. Em alguns casos, as crianças poderiam fazer qualquer uma das três e ainda fazer todas as três, se quisessem.
  • Antes de disponibilizar uma atividade para as crianças, o adulto precisa fazer a preparação da mesma, quer seja obtendo materiais, dando algum tipo de tratamento a estes materiais, construindo objetos ou cenários, etc. As crianças foram convidadas a participar da preparação das atividades também, o que tornou algo muito mais divertido e útil para elas.
Existem vários outros exemplos que poderiam ser usados aqui, lembrando que o importante é que a criança possa fazer escolhas e ter autonomia.

Por outro lado, o educador nunca deve justificar sua negligência em cuidar de uma criança, alegando que está deixando que a criança seja protagonista da própria experiência. São duas coisas bem diferentes.

A atenção ao que a criança está fazendo deve ser constante, principalmente para perceber a evolução dela com as experiências que está tendo. Interferência, somente se houver risco à integridade física ou conduta antissocial de qualquer tipo. Fora isso, deixe as crianças brincarem livremente. Veja o artigo A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR.

Como é sua conduta em relação às crianças com as quais trabalha?

As crianças estão conseguindo exercer o protagonismo delas?

Quais as atividades que estão sendo realizadas que realmente garantem o protagonismo delas?

Desejo um bom trabalho a todos, e vamos oferecer o melhor para as nossas crianças!

sábado, 10 de abril de 2021

EDUCADOR : A IMPORTÂNCIA DOS LIMITES


Durante este texto uso a palavra CRECHE, mas entenda-se qualquer entidade de ensino infantil.

Que fique claro também que não estou me referindo a nenhuma entidade ou pessoa em específico.

Quero apenas deixar minha opinião sobre um tema que está relacionado com educação infantil.

Quando refiro-me à palavra AGENTE EDUCADOR ou PROFISSIONAL DE CRECHE entenda qualquer profissional que atue em educação infantil: professor efetivo, agente educador, estagiário, professor contratado, etc.

Hoje vou discorrer sobre uma questão muito importante, que é a colocação de limites para uma criança.

Na atualidade vemos uma quantidade enorme de adultos que pensam que podem fazer o que bem entendem, como bem entendem e quando bem entendem, ignorando direitos alheios e até leis. É o famoso comportamento antissocial. Isto nada mais é do que FALTA DE LIMITES, comportamento que muito provavelmente é fruto de uma educação completamente falha, se é que em algum instante houve educação efetiva por parte dos pais e educadores.

Tem pai que pensa que amar o filho é permitir que ele faça o que quer, é dar tudo o que ele pede. Trata-se de um grande engano.

A determinação de limites mostra à criança qual o papel, o lugar, o espaço de cada ser humano e principalmente o espaço social dela.

Limites são necessários para que haja uma convivência sadia em sociedade, permitindo assim o desenvolvimento moral da criança.

Por outro lado, devemos lembrar também que a criança é um ser humano que tem direitos, inclusive direito a escolhas, mas é importante ressaltar que a idade mental dela não dá competência para ela decidir sobre certas coisas.

Outro dia ouvi de uma mãe uma frase que considero simplesmente absurda e inaceitável: "Meu filho, de 5 anos de idade, não faz as atividades da escola porque ele não quer parar de jogar videogame". Como assim? Quem manda naquela casa? Acho muito fácil um parente querer justificar sua incompetência, preguiça e negligência, jogando a culpa em uma criança, mas ainda assim a responsabilidade do adulto não deixa de existir.

Quando damos limites a uma criança, quer você acredite ou não, mostramos a ela que ela é amada e protegida, atendendo desta maneira duas das necessidades básicas de todo ser humano.

Adicionalmente, o desenvolvimento da autonomia acontece de forma sadia somente quando um adulto mostra os limites de atuação da criança. Ter autonomia de forma saudável significa saber cuidar de si, de suas necessidades, do espaço onde está atuando e respeitar as pessoas no seu entorno.

Crianças têm o hábito de testar os adultos, através do enfrentamento e do confronto para ver até onde os pais e educadores permitem que ela vá. É imprescindível que o adulto enfrente a situação e mostre até onde a criança pode ir.

O problema é que muitos pais cresceram sem limites e hoje não conseguem ser uma referência para os próprios filhos. Em qualquer circunstância em que um parente não souber o que fazer, basta falar com um profissional especializado, como por exemplo, um psicólogo. Até nas redes de atendimento publico é possível encontrar ajuda com assistentes sociais. Só não toma uma atitude quem realmente não quer.

Como diz o título de um famoso livro, "QUEM AMA, EDUCA!"

Quais limites você tem dado ao seu filho(a) ou aluno(a)?

Desejo um bom trabalho a todos, e vamos oferecer o melhor para as nossas crianças!


quarta-feira, 10 de março de 2021

EDUCADOR : AS ONDAS CEREBRAIS DE CADA FAIXA ETÁRIA



Durante este texto uso a palavra CRECHE, mas entenda-se qualquer entidade de ensino infantil.

Que fique claro também que não estou me referindo a nenhuma entidade ou pessoa em específico.

Quero apenas deixar minha opinião sobre um tema que está relacionado com educação infantil.

Quando refiro-me à palavra AGENTE EDUCADOR ou PROFISSIONAL DE CRECHE entenda qualquer profissional que atue em educação infantil: professor efetivo, agente educador, estagiário, professor contratado, etc.

Hoje vou comentar sobre um tema que está ligado a algo que me agrada muito, que é neurociência.

Antes de entrar propriamente no tema, preciso dar alguns esclarecimentos muito importantes, para que o leitor entenda plenamente aonde quero chegar com este artigo.

O primeiro esclarecimento refere-se ao fato de que mais de 95% dos nosso atos, quando adultos, são provenientes de nossa mente INCONSCIENTE ou SUBCONSCIENTE.

O segundo esclarecimento refere-se ao fato de que para programar nosso inconsciente para agirmos de uma determinada forma ou adotarmos algum hábito, precisamos estar em um estado mental em que nossas ondas cerebrais estejam em um ciclo que se alinhem com nosso INCONSCIENTE.

Contudo, as vezes não queremos programar nossas mente para nada, mas mesmo sem querer, podemos estar programando algo na mente de crianças de uma maneira muita fácil, com simples palavras, que quando carregadas de um pouco de emoção, podem fazer um registro na mente inconsciente da criança de forma muito mais forte e permanente.

Quando comecei a aprender sobre neurociência, meu professor informou que tudo pelo que passamos pela vida, até os nove anos de idade, ficará registrado em nossa mente inconsciente. Daí em diante, usaremos estas referências para guiar nosso comportamento e respostas às situações no futuro, inclusive e principalmente quando adultos.

Por estas poucas informações que dei até agora, você já deve imaginar a responsabilidade que alguém que trabalha com crianças tem, principalmente em creches, onde as crianças ficam o dia todo. Será que estas pessoas sabem disto?

Relembrando de outra forma algo que mencionei antes: quantos mais as ondas cerebrais estiverem alinhadas com a mente inconsciente, mais forte será o registro na mente da criança.

Agora vamos "costurar" toda esta informação que já dei, com o assunto deste texto...
  • Ondas cerebrais DELTA, que são aquelas que têm a faixa eletromagnética entre 0,5 a 4 ciclos por segundo, predominam em crianças de zero a dois anos de idade. São as ondas cerebrais do sono profundo, e elas atuam a partir do subconsciente, mesmo que a criança esteja acordada. Tudo que vier para a criança é aceito sem raciocínio crítico, julgamento com pouquíssimo ou quase nenhum tipo de filtragem. Fazendo uma analogia extremamente "tosca", seria como se você estivesse colocando algo diretamente no inconsciente da criança.
  • Ondas cerebrais TETA, que são aquelas que têm entre 4 a 8 ciclos por segundo, predominam em crianças entre dois e cinco anos de idade. São as ondas cerebrais do transe hipnótico profundo, interagindo diretamente com o inconsciente da criança. A sugestão que você dá, a criança assimila em sua mente inconsciente como uma CRENÇA, uma verdade INDISCUTÍVEL. Entenda o poder disto e o quanto uma frase ou atitude inadequada pode comprometer o futuro de uma criança, principalmente se houver carga emocional na sua manifestação. Por estarem, as crianças, conectadas ao seu mundo interior, você agora consegue entender porque elas estão comumente vivenciando um mundo de imaginação. Nesta fase, a capacidade racional e de análise crítica da criança ainda é muito pouca.
  • Ondas cerebrais ALFA, que são aquelas que têm entre 8 a 13 ciclos por segundo, predominam em crianças entre cinco e oito anos de idade. São as ondas cerebrais do relaxamento, de um estado meditativo leve. Nesta fase, a criança parece viver entre a realidade de seu mundo interior e a realidade do mundo exterior - é como se existisse uma "ponte" entre a mente inconsciente e a consciente. A capacidade de compreender o que acontece na vida e concluir coisas baseando-se na experiência obtida começa a se desenvolver.
  • Ondas cerebrais BETA, que são quelas que estão acima de 13 ciclos por segundo, predominam a partir dos oito anos de idade. Nesta fase já existe a competência para se exercer o raciocínio analítico e consciente. Até os doze anos de idade a criança está na faixa de ondas BETA de baixa frequência (13 a 15 ciclos por segundo). A partir dos doze anos, até a vida adulta, as frequências vão aumentando até 50 ciclos por segundo. Via de regra, a ponte que existia antes entre a mente consciente e a inconsciente não existe mais.
Apenas a título de exemplo, não adianta um agente educador trabalhar com crianças de dois a cinco anos de idade (ondas TETA) e reclamar que uma determinada criança "vive no mundo da Lua". Vive mesmo! E é natural da faixa etária dela, é sadio, e a criança não pode ser criticada ou repreendida por isto. É o agente educador que precisa desenvolver competências comportamentais para conviver com isto, e mais, aprimorar seu conhecimento e desempenho para potencializar a experiência que as crianças estiverem tendo.

Por qual motivo falei tudo isto?

Para chamar a atenção de profissionais de creche para o cuidado que precisam ter ao lidar com crianças, e também para alertar gestores de creches para que escolham profissionais com um perfil mais adequado a cada faixa etária.

Quanto mais nova for a criança, maior será o "estrago", e todos precisam estar cientes disto.

É claro que ninguém é perfeito, e dificilmente, até mesmo por conta dos baixíssimos salários pagos, serão encontrados profissionais com este nível de conhecimento e ainda disposição para terem um desempenho profissional adequado.

Ainda assim, a responsabilidade existe e as oportunidades para fazer o que é correto também.

O que você, agente educador, através de suas atitudes, está "programando" na mente das crianças com as quais trabalha?

Quais crenças que você "embutiu" nas mentes delas, que servirão para que elas tenham um futuro melhor?

Desejo um bom trabalho a todos, e vamos oferecer o melhor para as nossas crianças!


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

EDUCADOR : A BRINCADEIRA SIMBÓLICA


Durante este texto uso a palavra CRECHE, mas entenda-se qualquer entidade de ensino infantil.

Que fique claro também que não estou me referindo a nenhuma entidade ou pessoa em específico.

Quero apenas deixar minha opinião sobre um tema que está relacionado com educação infantil.

Quando refiro-me à palavra AGENTE EDUCADOR ou PROFISSIONAL DE CRECHE entenda qualquer profissional que atue em educação infantil: professor efetivo, agente educador, estagiário, professor contratado, etc.

Hoje o assunto é a brincadeira simbólica, e embora seja um conceito teórico simples, tive que pesquisar um bocado para encontrar mais detalhes para saber como isto afeta as crianças.

Baseado nas informações que obtive no site do National Center for Biotechnology Information (https://www.ncbi.nlm.nih.gov) uma brincadeira simbólica envolve um objeto qualquer que é usado para representar outro objeto ou um acontecimento.

Consultando uma tese de doutorado que encontrei na biblioteca eletrônica da Florida State University (https://fsu.digital.flvc.org), encontrei mais de uma dezena de definições para brincadeira simbólica além de definições para brincadeira funcional e exploratória.

Para tentar deixar mais claro, durante uma brincadeira simbólica, crianças "transformam" um objeto em algo que ele não é, por exemplo uma bolacha torna-se a roda de um carro na mente da criança, ou então atribuem uma capacidade a um objeto que ele não tem, como por exemplo segurar nas mãos de um urso de pelúcia um alimento, como se o próprio urso estivesse segurando ou fosse comer aquilo.

A brincadeira funcional é aquela em que a criança usa o objeto como ele é, com a função que ele tem - um carro é um carro.

A brincadeira exploratória é aquela em que a criança explora o ambiente em todos os aspectos, a si mesma e suas sensações, construindo algum tipo de conhecimento não formal para ela.

Em outro texto que escrevi sobre fazer a "escuta" da criança (veja o texto FAZENDO A "ESCUTA" DAS CRIANÇAS), mencionei formas de interagir e perceber o que está acontecendo com a criança, principalmente neste momento de pandemia de COVID-19.

O foco aqui é a brincadeira simbólica como mais um instrumento para fazer esta "escuta" quando as aulas voltarem, já que através dela a criança pode exteriorizar o que ela está sentindo, o que ela está vivendo, não só naquele momento, mas também em sua casa, com sua família.

Ter um espaço para que a criança possa fazer suas brincadeiras simbólicas neste momento é fundamental, pois é através destas brincadeiras que ela irá expressar os conflitos que ela está vivendo.

A criança de creche não tem idade suficiente, tampouco habilidades para concatenar pensamentos, ideias e sentimentos para conversar com um agente educador sobre o momento que ela está passando.

A brincadeira simbólica é a maneira mais fácil que ela tem para colocar tudo para fora.

Para isso, disponibilizar recursos como bonecos, papel e canetas coloridas vai ajudar a criança a desabafar. Observe uma criança brincando com bonecos e você vai entender muita coisa. Aprendi recentemente que este mecanismo coadjuvante usado para que a criança extravase suas frustrações de forma mais apropriada é chamado de "desvio simbólico". É mais apropriado porque uma outra forma dela extravasar suas frustrações é batendo nos colegas, estragando as coisas na sala, etc, e saiba que quanto menor for a criança, mais ela vai fazer isso.

Ter um lugar para as crianças praticarem brincadeiras simbólicas permite que elas se expressem sem precisar agredir alguém ou estragar algo.

É claro, que dentro de seu papel, o agente educador precisa estar muito atento ao que vir, sem tentar moldar nada dentro de sua percepção. Apenas assistir o que a criança está manifestando, sem intervir.

Havendo abertura ou necessidade, ele deve interagir com a criança, principalmente questionando sentimentos e desejos.

Antes da pandemia de COVID-19 eu já percebia que uma creche oferecia inúmeras oportunidades para quem quer ajudar uma criança de alguma forma. Agora, teremos uma oportunidade diferente a cada minuto. Cabe ao agente educador ter a boa vontade para fazer com que isto se torne realidade.

Desejo um bom trabalho a todos, e vamos oferecer o melhor para as nossas crianças!

Para você que trabalha em creches, deixo a dica de um livro interessante:


domingo, 10 de janeiro de 2021

EDUCADOR : FERIDAS EMOCIONAIS


Durante este texto uso a palavra CRECHE, mas entenda-se qualquer entidade de ensino infantil.

Que fique claro também que não estou me referindo a nenhuma entidade ou pessoa em específico.

Quero apenas deixar minha opinião sobre um tema que está relacionado com educação infantil.

Quando refiro-me à palavra AGENTE EDUCADOR ou PROFISSIONAL DE CRECHE entenda qualquer profissional que atue em educação infantil: professor efetivo, agente educador, estagiário, professor contratado, etc.

A "conversa" de hoje é direcionada a qualquer pessoa que interaja com crianças, principalmente parentes.

Há vários anos realizei uma série de cursos relacionados à Neurociência e Programação Neurolinguística, e logo no primeiro curso aprendi como uma criança pode ter seu futuro comprometido em alguns aspectos. Na época foi usado um cenário onde adultos tinham que falar em público, para uma platéia de aproximadamente 50 pessoas, que eram outros alunos do mesmo curso.

Algumas destas pessoas ficavam apavoradas e chegavam a chorar copiosamente, por medo de falar diante de outras pessoas. Após passarem por uma técnica de Programação Neurolinguística, o cenário modificou-se. Cerca de 24 horas depois, aquelas mesmas pessoas que estavam mais apavoradas, pediram licença ao instrutor do curso, pegaram um microfone e foram falar diante de toda a classe. Acredite ou não, este é um dos poderes da PNL. O mais importante de tudo é entender como é que um adulto foi influenciado por coisas que ocorreram no passado, quando eram bem pequenos, a ponto de terem um impacto em suas vidas no presente.

Espontaneamente estas pessoas relatavam experiências similares ocorridas durante a infância: eram bem pequenas, o pai ou mãe chegava em casa, estava ocupado com alguma coisa, como por exemplo fazendo a janta ou assistindo à televisão, a criança queria conversar ou contar algo e repentinamente o pai ou mãe simplesmente gritava com a criança mandando ela calar a boca. Uma conduta simples e estúpida causou um problema na vida de um futuro adulto.

Vamos aprender um pouquinho como este tipo de "trauma", chamado de FERIDA EMOCIONAL, acontece.

Em qualquer situação da vida estamos recebendo constantemente informações do mundo que nos rodeia através da visão, olfato, audição, paladar e tato. Quando estas informações são trabalhadas pelo cérebro, elas geram algum tipo de sentimento. Todo sentimento gera algum tipo de reação química no corpo, e este último consegue detectar as alterações químicas mais fortes, geradas por sentimentos mais fortes. Automaticamente o cérebro fica muito atento ao ambiente externo, percebendo o que causou tremenda sensação. Por conta da intensidade do ocorrido, estas informações sobre estas experiências ficam registradas química e neurologicamente em você, e no futuro, quando passar por situação emocionalmente similar, isto vai fazer com que você se lembre perfeitamente da sensação que teve no passado, repetindo também a mesma atitude de resposta. A associação da experiência vinda do ambiente externo com a sensação interna impactante que você teve gera este registro negativo, também chamado de FERIDA EMOCIONAL.

Vale lembrar ainda que uma pessoa está "condenada" a viver toda uma vida com esta FERIDA EMOCIONAL, e todas as limitações trazidas por ela, caso não receba ajuda

Sabendo como isto acontece, e principalmente as prováveis consequências para o futuro da criança, é obrigação de toda pessoa que interage com uma criança evitar de todas as formas possíveis a geração de uma FERIDA EMOCIONAL. Como causadores deste tipo de problema, em primeiro lugar temos os parentes e depois ambientes de convivência como escolas, locais religiosos, associações, eventos e clubes.

Para evitar causar uma FERIDA EMOCIONAL em uma criança é muito simples. Basta ficar atento ao seu comportamento enquanto interage com ela ou diante dela. Evite gritar com ela, mostrar uma feição de raiva, desdenhar dela, pois isto aumenta a carga emocional e por consequência a força daquilo que ficará "registrado" na experiência de vida dela.

As FERIDAS EMOCIONAIS podem ser dos mais variados tipos e alguns deles podem ser facilmente identificados em uma criança, como por exemplo o medo de fracassar. Uma criança tem este tipo de medo porque já sentiu-se severamente criticada no passado quando tentou fazer algo, não conseguiu e alguém recriminou-a, humilhou-a ou fez qualquer outra coisa que gerasse algum sentimento extremamente negativo. Além da reprovação ou da crítica mordaz, uma das piores coisas que você pode dizer para uma criança é: "eu te amo mesmo você não tendo conseguido fazer isso".

Para ajudar a curar qualquer tipo de "ferida", você precisa entender o que aconteceu e, de forma honesta e sincera, elogiar e valorizar os acertos da criança dentro do contexto envolvido. Criança não é "tonta" e consegue perceber perfeitamente quando você está sendo sincero ou quando está sendo hipócrita. Elogios também não podem ser excessivos e sem motivo justo, pois têm o efeito de banalizar toda a situação, inclusive desvalorizar elogios sinceros que foram ditos no passado, além de concorrer para a formação de uma personalidade narcisista.

E para entender o que aconteceu, antes de tentarmos curar alguma "ferida" precisaremos realizar de forma magistral a "escuta" das crianças (veja mais detalhes no artigo FAZENDO A "ESCUTA" DAS CRIANÇAS).

Em minha mente fica um questionamento: Durante a pandemia de COVID-19, quantas FERIDAS EMOCIONAIS foram causadas nas crianças que ficaram o tempo todo em casa com seus parentes? Se inúmeros casais estão se divorciando no mundo inteiro por conta do convívio excessivo, imagine o que pode estar acontecendo com as crianças. Conforme estatísticas, o índice de violência contra crianças e também contra mulheres aumentou neste período.

O momento atual trouxe para aqueles que trabalham na área da Educação uma responsabilidade ainda maior. Mais do que uma responsabilidade, o profissional deve entender isto como uma verdadeira chance de colocar em prática as competências que alega ter, assim como desenvolver novas. Temos novas e desafiadoras oportunidades.

Desejo um bom trabalho a todos, e vamos oferecer o melhor para as nossas crianças!

Para você que trabalha em creches, deixo a dica de um livro interessante:

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

EDUCADOR : FAZENDO A "ESCUTA" DAS CRIANÇAS


Durante este texto uso a palavra CRECHE, mas entenda-se qualquer entidade de ensino infantil.

Que fique claro também que não estou me referindo a nenhuma entidade ou pessoa em específico.

Quero apenas deixar minha opinião sobre um tema que está relacionado com educação infantil.

Quando refiro-me à palavra AGENTE EDUCADOR ou PROFISSIONAL DE CRECHE entenda qualquer profissional que atue em educação infantil: professor efetivo, agente educador, estagiário, professor contratado, etc.

Em meu ambiente de trabalho, tem havido muita discussão sobre como acolher as crianças quando as aulas retornarem, como observar e "escutar" o que elas estão sentindo e sentiram durante a pandemia de COVID-19. Imagine a infinidade de situações, boas e ruins, pelas quais esta criança passou, ficando em casa o tempo inteiro.

Não há dúvida de que ouvir o que cada uma das crianças tem a contar é a melhor forma de se fazer esta "escuta", que funciona até mesmo como uma forma de terapia.

Como não sabemos se haverá ou não o retorno às aulas, nem quando isso ocorrerá, entendo que podemos ir fazendo esta "escuta" de outras formas.

Antes de mais nada, deixe-me esclarecer um ponto. Meu entendimento sobre "escuta", depois de ter participado de vários formações de Agente Educador, é a de que qualquer forma de atenção, toque, ou olhar feito para a criança, é uma maneira de "escutar".

Por outro lado, não posso deixar de comentar sobre um aprendizado que tive durante a realização de um treinamento em "Coaching", onde aprendi sobre a ESCUTA ATIVA e a ESCUTA ORDENADA.

A ESCUTA ATIVA envolve ouvir o outro com atenção e respeito, olhando sempre nos olhos, prestando atenção, sem interromper o seu interlocutor, concentrando-se plenamente naquilo que está sendo manifestado pelo seu interlocutor, compreendendo seu ponto de vista, sem fazer pré-julgamentos, percebendo os sentimentos envolvidos e principalmente qual a necessidade que a criança tem por trás de tudo o que ela conta. Você pode confirmar positivamente com a cabeça que está entendendo o que ela diz, balbuciando um "um-hum" de vez em quando, sem interrompê-la. Isto aumenta a situação de "rapport" entre você e a criança. Aproveite eventuais pausas que a criança fizer para fazer perguntas que clarifiquem algo que esteja confuso para você, educador.

A ESCUTA ORDENADA envolve de certa forma estimular na criança o desejo dela se expressar. O exemplo que dei acima, sobre confirmar positivamente com a cabeça que está entendendo o que a criança está falando, é uma forma de fazer isto. Se a criança parar de falar, você pode usar pequenas frases para estimulá-la, como por exemplo: "e daí?", "conte mais", "que legal, e depois?", etc. Uma vez que a criança tenha terminado de falar, tire as dúvidas de seu entendimento com ela, evitando interpretar as coisas baseando-se em sua percepção, e repita para ela o que você entendeu, para ter certeza de que sua compreensão foi a correta. É preciso entender o que a criança passou e sentiu pelos "olhos" (mapa mental) da criança e não pelo do educador. Aproveite a oportunidade para tentar fazer algum tipo de elogio à criança, em função do que ela passou, caso isto seja possível.

Uma das formas de escuta que me veio à mente e que está sendo usada por muitas escolas é a realização de vídeos, que permitam a interação da criança de alguma forma.

Um tipo de vídeo poderia mostrar alguma brincadeira que a criança pudesse repeti-la em casa, sozinha ou com a família. Outro tipo envolveria mostrar lugares interessante e perguntar à criança o que elas acharam daquele lugar, que tipo de coisas ela faria por lá. Um terceiro tipo de vídeo poderia mostrar algo que o educador tenha ou que goste de fazer, perguntado às crianças se elas têm algo parecido ou sabem fazer algo, quer seja parecido ou até mesmo diferente.

Como educador, você já sabe como fazer a "escuta" das crianças? E qual ação pretende tomar?

E enquanto a pandemia não termina, como pretende fazer esta "escuta"?

Quanto aos pais que estão em casa, já pararam para perguntar aos seus filhos o que eles estão achando? Como estão se sentindo? Como agem para minimizar o impacto do isolamento da pandemia? Estão aproveitando o tempo para melhorar a interação com os filhos, ou estão deixando-os ficar mais tempo com celulares e "tablets" apenas para que eles não incomodem? Estão fazendo alguma atividade JUNTOS, como ginástica, jogar jogos de cartas ou tabuleiro, cozinhando uma receita, lendo livros e revistas, assistindo a desenhos, filmes e documentários educativos ou até fazendo a limpeza da casa? Opções não faltam, e tempo também não.

Desejo um bom trabalho a todos, e vamos oferecer o melhor para as nossas crianças!

Para você que trabalha em creches, deixo a dica de um livro interessante:

terça-feira, 10 de novembro de 2020

EDUCADOR : A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR


Durante este texto uso a palavra CRECHE, mas entenda-se qualquer entidade de ensino infantil.

Que fique claro também que não estou me referindo a nenhuma entidade ou pessoa em específico.

Quero apenas deixar minha opinião sobre um tema que está relacionado com educação infantil.

Quando refiro-me à palavra AGENTE EDUCADOR ou PROFISSIONAL DE CRECHE entenda qualquer profissional que atue em educação infantil: professor efetivo, agente educador, estagiário, professor contratado, etc.

Neste ano, por conta da pandemia, tive a oportunidade de passar por formações relativas à Educação Infantil, e uma das coisas que aprendi foi a importância do brincar no processo de aprendizado da criança.

Sou uma pessoa que ao aprender algo, costuma pesquisar mais extensamente sobre o assunto, mesmo não sendo Pedagogia a minha área de formação.

Hoje irei compartilhar algumas coisas que aprendi e a importância que existe no processo do brincar das crianças.

Vou começar com um conceito importantíssimo, defendido pela neurociência, que é o fato de que até a idade de 5 anos, toda criança tem pelo menos 80% de suas conexões neuronais voltadas ao aprendizado não formal, e que as conexões não utilizadas, não aproveitadas, que não retiveram conhecimentos, serão definitivamente descartadas a partir dos 6 anos de idade.

Ao brincar, as crianças realizam aprendizados de todos os tipos, nas coisas mais simples.

O conceito de Território de Aprendizagem prega exatamente isto: aprender brincando, ao interagir em um espaço que a cada dia pode estar configurado de uma forma diferente, para que habilidades e competências diferentes possam ser adquiridas.

Vale ressaltar que não é simplesmente o brincar, mas brincar com qualidade, com disponibilidade de tempo e espaço.

Ao brincar, a criança cria as regras daquilo que ela mesmo aprende, assume papéis variados, entende o mundo através de suas experiências.

Ao fazer as escolhas por conta própria, a criança se realiza e reconhece em si a sua individualidade.

Assistindo a um dos vídeos do projeto Green Renaissance, deparei-me com a interessante frase: "a criatividade existe para nos ajudar a explorar quem nós somos, colocando-nos em contato com o que acontece conosco, para que possamos viver mais profundamente".

Falando um pouco sobre a importância dos materiais não estruturados...

Eu estava lendo um prospecto que achei bem interessante da Lyons Early Childhood School, uma escola de educação infantil da Austrália, e encontrei uma referência à Teoria das Partes Soltas (Theory of Loose Parts).

Em 1972, o arquiteto Simon Nicholson desenvolveu a Teoria das Partes Soltas onde diz que peças soltas podem ser movidas de lugar, tendo suas funcionalidades reinventadas quase que infinitamente, criando muito mais oportunidades para uma interação criativa do que os materiais e ambientes estáticos.

Imagine este poder de criatividade disponível nas mãos das crianças.

Somado a isto, temos também a Teoria das Cem Linguagens das Crianças, criada por Loris Malaguzzi, o fundador da filosofia educacional Reggio Emilia. Esta abordagem fala sobre a crença de que a criança usa inúmeras formas para expressar seu entendimento, criatividade, descobertas, através não só da fala, mas também através dos principais tipos de modalidades artísticas, movimentos corporais, expressões faciais, etc.

O educador tem boas "ferramentas" em suas mãos para ajudar no desenvolvimento efetivo da criança.

Neste momento temos outro fator importante, que é a interferência do adulto enquanto a criança brinca.

Só interfira se houver algum risco real, caso contrário, deixe-a brincar livremente.

Via de regra, o papel do adulto é apenas de observador, um ouvinte das necessidades manifestadas não só verbalmente, e quando muito, facilitador, provedor de recursos, criador de contextos ou cenários e alguém que garanta que a criança exerça seus direitos de aprendizagem ao brincar.

Mesmo que ele veja que a criança esteja fazendo algo de uma forma menos prática e mais demorada, deve evitar interferir, pois ao repetir o processo várias vezes até dar certo, a criança aprende muitas coisas com a análise do resultado obtido versus a ideia inicial que ela tinha, que inclusive pode mudar depois de algumas tentativas infrutíferas.

Ao interferir, além de contaminar ou cercear a possibilidade do aprendizado, você está impondo paradigmas e barreiras para a criança.

Não quero dizer que a criança deva ficar como um animal selvagem fazendo o que bem entenda, mas o adulto deve ficar mais atento às intervenções que ele próprio faz com as crianças quando elas estão brincando.

Um educador que seja um bom observador, conseguirá notar não só os resultados obtidos pela criança, como o também o processo usado por ela para ter o aprendizado.

Bons questionamentos para se fazer ao se observar uma criança:
  • Alguém está brincando sozinho?
  • Quem está brincando com quem?
  • Existe mistura ou separação de gêneros nas brincadeiras?
  • Qual a faixa etária das crianças com quem esta criança está brincando?
  • O que está fazendo? Do que está brincando?
  • Por quanto tempo esteve brincando disto?
  • Quais tipos de brincadeiras são mais buscadas por esta criança?
Prega-se que a criança é a protagonista do seu cotidiano na escola ou creche, assim como nos seus processos de aprendizagem.

É claro que um adulto pode participar de uma brincadeira, e neste caso, ele consegue assegurar ainda mais que este direito de brincar se concretize.

Nunca é demais lembrar que nesta faixa etária, o tipo de pensamento predominante na criança é o PENSAMENTO DIVERGENTE, enquanto no adulto o predominante é o PENSAMENTO CONVERGENTE. Lógicas totalmente diferentes.

Enquanto brinca, a criança está aprendendo e se desenvolvendo como ser humano.

Que fique claro que esta abordagem do brincar, não se opõe aos conteúdos formais de ensino, mas o que precisa ser revisto é a forma como isto acontece.

Tudo isto que escrevi é reforçado por outros dois textos de minha autoria: O PROJETO SEGNI MOSSI e também O QUE EU GOSTO NA PEDAGOGIA WALDORF.

Finalizo o texto com uma frase que vi em um vídeo há um bom tempo, e que resume tudo o que falei: "A brincadeira é a coisa mais séria que a criança faz". 

Desejo um bom trabalho a todos, e vamos oferecer o melhor para as nossas crianças!

Para você que trabalha em creches, deixo a dica de um livro interessante:

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O PONTO NEGRO


A Neusa, nossa colega do grupo do Life, enviou a mensagem a seguir, cuja autoria é desconhecida:

"Certo dia, um professor chegou na sala de aula e disse aos alunos para se prepararem para uma prova-relâmpago.

Todos acertaram suas filas, aguardando assustados o teste que viria.

O professor foi entregando, então, a folha da prova com a parte do texto virada para baixo, como era de costume.

Depois que todos receberam, pediu que desvirassem a folha.

Para surpresa de todos, não havia uma só pergunta ou texto, apenas um ponto negro, no meio da folha.

O professor, analisando a expressão de surpresa que todos faziam, disse o seguinte: Agora, vocês vão escrever um texto sobre o que estão vendo.

Todos os alunos, confusos, começaram, então, a difícil e inexplicável tarefa.

Terminado o tempo, o mestre recolheu as folhas, colocou-se na frente da turma e começou a ler as redações em voz alta.

Todas, sem exceção, definiram o ponto negro, tentando dar explicações por sua presença no centro da folha.

Terminada a leitura, a sala em silêncio, o professor então começou a explicar: Esse teste não será para nota, apenas serve de lição para todos nós.

Ninguém na sala falou sobre a folha em branco. Todos centralizaram suas atenções no ponto negro.

Assim acontece em nossas vidas. Temos uma folha em branco inteira para observar e aproveitar, mas sempre nos centralizamos nos pontos negros.

A vida é um presente da natureza dado a cada um de nós, com extremo carinho e cuidado. Temos motivos para comemorar sempre. A natureza que se renova, os amigos que se fazem presentes, o emprego que nos dá o sustento, os milagres que diariamente presenciamos.

No entanto, insistimos em olhar apenas para o ponto negro!

O problema de saúde que nos preocupa, a falta de dinheiro, o relacionamento difícil com um familiar, a decepção com um amigo.

Os pontos negros são mínimos em comparação com tudo aquilo que temos diariamente, mas são eles que povoam nossa mente.

Pense nisso! Tire os olhos dos pontos negros de sua vida. Aproveite cada bênção, cada momento a natureza lhe dá."

terça-feira, 31 de março de 2009

SEJA UM CACHORRO


Recebi uma apresentação com uma idéia muito criativa sobre comportamento animal, que se fosse adotado pelos homens, o mundo seria muito melhor.

"Se um cachorro fosse seu professor, você aprenderia coisas assim:

  • Quando alguém que você ama chega em casa, corra ao seu encontro.
  • Nunca perca uma oportunidade de ir passear de carro.
  • Permita-se experimentar o ar fresco do vento no seu rosto.
  • Mostre aos outros que estão invadindo seu território.
  • Tire uma soneca no meio do dia e espreguice antes de levantar.
  • Corra, pule e brinque todos os dias.
  • Tente se dar bem com o próximo e deixe as pessoas te tocarem.
  • Não "morda", quando um simples "rosnado" resolve a situação.
  • Em dias quentes, pare e role na grama, beba bastante líquido e deite debaixo da sombra de uma árvore.
  • Quando você estiver feliz, dance e balance todo o seu corpo.
  • Não importa quantas vezes o outro te magoa, não se sinta culpado... Volte e faça as pazes novamente.
  • Aproveite o prazer de uma longa caminhada.
  • Se alimente com gosto e entusiasmo.
  • Coma só o suficiente.
  • Seja leal.
  • Nunca pretenda ser o que você não é.
  • E o mais importante de tudo... Quando alguém estiver nervoso ou triste, fique em silêncio, fique por perto e mostre que você está ali para confortar.
A amizade verdadeira não aceita imitações."
( Texto: Autor desconhecido | Foto: Wilson Luiz Negrini de Carvalho )