domingo, 10 de janeiro de 2021

EDUCADOR : FERIDAS EMOCIONAIS


Durante este texto uso a palavra CRECHE, mas entenda-se qualquer entidade de ensino infantil.

Que fique claro também que não estou me referindo a nenhuma entidade ou pessoa em específico.

Quero apenas deixar minha opinião sobre um tema que está relacionado com educação infantil.

Quando refiro-me à palavra AGENTE EDUCADOR ou PROFISSIONAL DE CRECHE entenda qualquer profissional que atue em educação infantil: professor efetivo, agente educador, estagiário, professor contratado, etc.

A "conversa" de hoje é direcionada a qualquer pessoa que interaja com crianças, principalmente parentes.

Há vários anos realizei uma série de cursos relacionados à Neurociência e Programação Neurolinguística, e logo no primeiro curso aprendi como uma criança pode ter seu futuro comprometido em alguns aspectos. Na época foi usado um cenário onde adultos tinham que falar em público, para uma platéia de aproximadamente 50 pessoas, que eram outros alunos do mesmo curso.

Algumas destas pessoas ficavam apavoradas e chegavam a chorar copiosamente, por medo de falar diante de outras pessoas. Após passarem por uma técnica de Programação Neurolinguística, o cenário modificou-se. Cerca de 24 horas depois, aquelas mesmas pessoas que estavam mais apavoradas, pediram licença ao instrutor do curso, pegaram um microfone e foram falar diante de toda a classe. Acredite ou não, este é um dos poderes da PNL. O mais importante de tudo é entender como é que um adulto foi influenciado por coisas que ocorreram no passado, quando eram bem pequenos, a ponto de terem um impacto em suas vidas no presente.

Espontaneamente estas pessoas relatavam experiências similares ocorridas durante a infância: eram bem pequenas, o pai ou mãe chegava em casa, estava ocupado com alguma coisa, como por exemplo fazendo a janta ou assistindo à televisão, a criança queria conversar ou contar algo e repentinamente o pai ou mãe simplesmente gritava com a criança mandando ela calar a boca. Uma conduta simples e estúpida causou um problema na vida de um futuro adulto.

Vamos aprender um pouquinho como este tipo de "trauma", chamado de FERIDA EMOCIONAL, acontece.

Em qualquer situação da vida estamos recebendo constantemente informações do mundo que nos rodeia através da visão, olfato, audição, paladar e tato. Quando estas informações são trabalhadas pelo cérebro, elas geram algum tipo de sentimento. Todo sentimento gera algum tipo de reação química no corpo, e este último consegue detectar as alterações químicas mais fortes, geradas por sentimentos mais fortes. Automaticamente o cérebro fica muito atento ao ambiente externo, percebendo o que causou tremenda sensação. Por conta da intensidade do ocorrido, estas informações sobre estas experiências ficam registradas química e neurologicamente em você, e no futuro, quando passar por situação emocionalmente similar, isto vai fazer com que você se lembre perfeitamente da sensação que teve no passado, repetindo também a mesma atitude de resposta. A associação da experiência vinda do ambiente externo com a sensação interna impactante que você teve gera este registro negativo, também chamado de FERIDA EMOCIONAL.

Vale lembrar ainda que uma pessoa está "condenada" a viver toda uma vida com esta FERIDA EMOCIONAL, e todas as limitações trazidas por ela, caso não receba ajuda

Sabendo como isto acontece, e principalmente as prováveis consequências para o futuro da criança, é obrigação de toda pessoa que interage com uma criança evitar de todas as formas possíveis a geração de uma FERIDA EMOCIONAL. Como causadores deste tipo de problema, em primeiro lugar temos os parentes e depois ambientes de convivência como escolas, locais religiosos, associações, eventos e clubes.

Para evitar causar uma FERIDA EMOCIONAL em uma criança é muito simples. Basta ficar atento ao seu comportamento enquanto interage com ela ou diante dela. Evite gritar com ela, mostrar uma feição de raiva, desdenhar dela, pois isto aumenta a carga emocional e por consequência a força daquilo que ficará "registrado" na experiência de vida dela.

As FERIDAS EMOCIONAIS podem ser dos mais variados tipos e alguns deles podem ser facilmente identificados em uma criança, como por exemplo o medo de fracassar. Uma criança tem este tipo de medo porque já sentiu-se severamente criticada no passado quando tentou fazer algo, não conseguiu e alguém recriminou-a, humilhou-a ou fez qualquer outra coisa que gerasse algum sentimento extremamente negativo. Além da reprovação ou da crítica mordaz, uma das piores coisas que você pode dizer para uma criança é: "eu te amo mesmo você não tendo conseguido fazer isso".

Para ajudar a curar qualquer tipo de "ferida", você precisa entender o que aconteceu e, de forma honesta e sincera, elogiar e valorizar os acertos da criança dentro do contexto envolvido. Criança não é "tonta" e consegue perceber perfeitamente quando você está sendo sincero ou quando está sendo hipócrita. Elogios também não podem ser excessivos e sem motivo justo, pois têm o efeito de banalizar toda a situação, inclusive desvalorizar elogios sinceros que foram ditos no passado, além de concorrer para a formação de uma personalidade narcisista.

E para entender o que aconteceu, antes de tentarmos curar alguma "ferida" precisaremos realizar de forma magistral a "escuta" das crianças (veja mais detalhes no artigo FAZENDO A "ESCUTA" DAS CRIANÇAS).

Em minha mente fica um questionamento: Durante a pandemia de COVID-19, quantas FERIDAS EMOCIONAIS foram causadas nas crianças que ficaram o tempo todo em casa com seus parentes? Se inúmeros casais estão se divorciando no mundo inteiro por conta do convívio excessivo, imagine o que pode estar acontecendo com as crianças. Conforme estatísticas, o índice de violência contra crianças e também contra mulheres aumentou neste período.

O momento atual trouxe para aqueles que trabalham na área da Educação uma responsabilidade ainda maior. Mais do que uma responsabilidade, o profissional deve entender isto como uma verdadeira chance de colocar em prática as competências que alega ter, assim como desenvolver novas. Temos novas e desafiadoras oportunidades.

Desejo um bom trabalho a todos, e vamos oferecer o melhor para as nossas crianças!

Para você que trabalha em creches, deixo a dica de um livro interessante:

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