sábado, 24 de julho de 2021

EDUCADOR : PARCERIA COM AS FAMÍLIAS


Durante este texto uso a palavra CRECHE, mas entenda-se qualquer entidade de ensino infantil.

Que fique claro também que não estou me referindo a nenhuma entidade ou pessoa em específico.

Quero apenas deixar minha opinião sobre um tema que está relacionado com educação infantil.

Quando refiro-me à palavra AGENTE EDUCADOR ou PROFISSIONAL DE CRECHE entenda qualquer profissional que atue em educação infantil: professor efetivo, agente educador, estagiário, professor contratado, etc.

Neste texto irei comentar sobre algo que entendo ser essencial para o bom desenvolvimento das crianças na creche ou escola.

Na Itália, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, a comunidade chamada Reggio Emilia, localizada na região da Emilia-Romagna, começou uma ação para melhorar a qualidade do ensino para as crianças daquela cidade, liderada por um pedagogo chamado Loris Malaguzzi.

Devido à pobreza gerada pela guerra, venderam coisas que foram deixadas pelos alemães em fuga, como armas, tanques de guerra e outras coisas, para angariar fundos para o início do projeto.

Quem conhece a abordagem Reggio Emilia, sabe perfeitamente que o engajamento da comunidade, principalmente dos pais das crianças, é condição "sine qua non" para o sucesso da implementação, não só desta abordagem, mas para qualquer outra metodologia de ensino que se deseje adotar. A abordagem Reggio Emilia é hoje uma das que tem maior sucesso no mundo e traz aprendizados importantíssimos para que a criança venha a tornar-se um adulto vencedor.

No artigo de hoje não tenho a intenção de falar sobre a abordagem Reggio Emilia, mas sim sobre a questão da importância do engajamento dos pais e da comunidade existente no entorno de uma creche ou escola infantil.

Historicamente, sabemos que as creches no Brasil surgiram com o intuito de abrigar crianças para que seus pais pudessem trabalhar. Antigamente, nada mais eram do que verdadeiros "depósitos de crianças", onde os pais largavam seus filhos de manhã cedo e os pegavam de volta no fim da tarde, para que pudessem trabalhar, sem que houvesse um foco maior na educação das crianças.

Atualmente, uma creche com uma estrutura que seja minimamente adequada tem condições de atuar em pé de igualdade com uma escola infantil, no que diz respeito ao aspecto do ensino. Algumas creches particulares oferecem a opção de meio período ou período integral, enquanto creches públicas normalmente trabalham em período integral.

Com tristeza, é possível notar que o conceito de "depósito de crianças" parece existir até hoje nas mentes de pais, que talvez até tenham sido atendidos nas creches de antigamente quando eram crianças.

É importante que os pais saibam como está indo a evolução do aprendizado dos seus filhos. Considero mais importante ainda que os pais procurem saber também sobre o desenvolvimento das habilidades sociais e comportamentais dos filhos. Lamentavelmente, isto nem sempre acontece.

Pior ainda é a criança trazer maus hábitos de casa, e querer perpetuá-los na escola. Neste momento, é necessário que o profissional de sala de aula, juntamente com a equipe gestora, agende uma conversa com a família para alinhar percepções, vivências e preparar um plano de ação para corrigir o problema. Só dará certo se houver um trabalho em conjunto com a família, que deverá cumprir seu papel em casa, que se somará ao trabalho que será feito na creche, pelos profissionais - uma verdadeira parceria em prol da criança. Toda criança mentalmente sadia precisa conhecer A IMPORTÂNCIA DOS LIMITES.

Pode ser que algumas famílias, devido à própria condição de arrogância ou, às vezes, de ignorância, rejeitem as ponderações feitas pela equipe educacional, e quando fazem isto, provavelmente estão colocando a criança em um caminho de variados sofrimentos no futuro. É ridícula a postura de pais que acreditam que só a escola tem a obrigação de educar socialmente os seus filhos.

Na minha percepção, famílias inteligentes e realmente interessadas em prover boas oportunidades futuras a seus filhos, escutam as ponderações feitas pela equipe educacional, debatem alternativas para a solução do problema, realizam "feed-back" periodicamente para saber se houve evolução positiva do quadro e podem até tornarem-se exemplos para outras famílias, compartilhando, durante as reuniões de pais ou em grupos de pais em redes sociais, estas oportunidades de crescimento mútuo que tiveram.

Por outro lado, o profissional de sala de aula precisa estar atento ao que acontece ao seu redor e ser realmente comprometido com o desenvolvimento da criança, assim como os gestores da unidade. O fato de estar atento, no meu entendimento, tem ligação intrínseca com o ato de FAZER A ESCUTA DA CRIANÇA.

Situações em que o profissional não relata problemas aos pais ou à gestão da unidade onde trabalha, por medo de represálias, ou por comodismo, ou por negligência, ou ainda situações onde a gestão da unidade não toma ações pelos mesmos motivos, são INACEITÁVEIS. 

Vale ressaltar que seria bem interessante se pais perguntassem habitualmente sobre o desenvolvimento dos filhos, e uma das maneiras de estar ainda mais engajado, é participando ativamente de reuniões de pais, de eventos promovidos pela creche, de atividades propostas ou debates em grupos de pais nas redes sociais.

Por fim, a comunidade no entorno da creche ou escola, poderia prestigiar os eventos públicos ou  projetos promovidos pela entidade. Existem várias formas de parceria e engajamento - basta ter boa vontade.

Você, na posição de parente, como tem se engajado na vida educacional de seu filho?

Você, profissional de creche, o que tem feito diariamente para ajudar efetivamente no desenvolvimento das crianças com as quais atua?

Desejo um bom trabalho a todos, e vamos oferecer o melhor para as nossas crianças!

Para você que trabalha em creches, deixo a dica de um livro interessante:

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